domingo, 10 de agosto de 2014

TUDO COMEÇOU HÁ 13.500 DIAS

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PREÂMBULO


… é, acreditem, um momento difícil para mim, aliás, dentro de uma sequência de momentos difíceis que tenho vindo a passar nos últimos (quase) dois anos! Ainda agora, no ‘Correio da Manhã’ de sexta – ou quinta? – feira da semana que terminou vinha uma notícia de página inteira a relembrar-nos de um caso quase macabro em que, mau grado um conclusivo NÃO APTA PARA O DESEMPENHO DAS SUAS FUNÇÕES LABORAIS, redigido por uma Comissão de Verificação de Incapacidade do Instituto Português de Segurança Social, a Caixa Geral de Aposentações (funcionários do Estado, a senhora era Professora), por via administrativa negou a reforma a uma doente com… Cancro! E ela foi obrigada a trabalhar até MORRER! Aqui lhe presto a minha singela Homenagem!
É assim! Após três, mais duas avaliações médicas nas quais fui sempre declarado INCAPAZ PARA O DESEMPENHO DA MINHA PROFISSÃO…

… ADMINISTRIVAMENTE, neste caso – não sou funcionário do Estado - estou sob a alçada do Centro Nacional de Pensões do IPSS, e pela segunda vez, já que recorri da primeira decisão (aliás, voltei a recorrer da segunda) -  ALGUÉM DE FATO E GRAVATA, QUE ENTRA ÀS NOVE DA MANHÃ E SAI ÀS CINCO DA TARDE, com o ‘conforto’ de poder desfrutar de um pequeno almoço, meia hora depois de começar a trabalhar – se chegar a horas -; de um almoço pelas 12 horas e de um lanche pelas 15.30 – na Rua de Entrecampos e num curto círculo que engloba a Av. EUA, a oferta é grande e agradável -, regressando ao local de trabalho pouco mais de uma hora antes de ‘arrumar’ o EXPEDIENTE e voltar para casa, alguém que NÃO HÁ-DE SER MÉDICO, mas que detém um poder superior a estes, DECIDE SOBRE A VIDA DE MILHARES E MILHARES DE TRABALHADORES QUE LHES PAGAM O ORDENADO!
Se calhar é por isso que pessoas REALMENTE DOENTES, vêem negado o seu direito a uns últimos meses de vida sem mais preocupações do que aquelas que a Vida já lhes trouxe.

Como o meu humor Alentejano não esmorece, eu estou mesmo a ver como se chegam a estar ‘decisões’! Agarram um monte de processos, atiram-nos ao ar e… os que caírem em cima da secretária… até pode ser que se ‘safem’! Os que caírem no chão, estão automaticamente postos de lado.
E eu caí no chão, onde é que haveria de caír?, não há nada mais abaixo!  

 
SERVE ESTA (desculpem-me) LONGA ‘INTRODUÇÃO’
PARA ASSINALAR UMA EFEMÉRIDE,
QUE TEM QUE SER FEITA AGORA
PORQUE PARA O ANO QUE VEM JÁ NÃO VAI SER POSSÍVEL!
 

10 de AGOSTO DE 1977
(MIL NOVECENTOS E SETENTA E SETE)
10 de AGOSTO DE 2014!!!

 Foi a 10 de Agosto de 1977, menos de três semanas depois de ter concluído o antigo 7.º Ano dos Liceus – a partir daí seria a Faculdade, e a minha média de 17 Valores era mais do que suficiente para entrar – que comecei a trabalhar como… servente de pedreiro! Eu sei que nem sequer fazem ideia do que isso é!

Não houve conversa nenhuma, nenhuma tentativa de encontrar uma saída… o Meu Pai Pôs-me no mercado de Trabalho. E, por esses anos seria inadmissível que um simples ‘puto’ da classe baixa se opusesse à decisão do Pai!

O orçamento mensal em casa tinha que ser reforçado, e tinha duas irmãs ainda a estudar e às quais o Meu Pai jamais admitiria que não lhes fosse proporcionada a possibilidade de… chegarem até onde eu tinha acabado de chegar!

Mas o meu Pai tinha sido posto a trabalhar aos 9 anos de idade! e, apesar das pancadas que levou na Vida, prevalecia – aqui, e reconheço-o , até porque Abril de 74 tinha acontecido há pouco mais de 3 anos – ele achou que tinha de haver uma igualdade de oportunidades para todos os filhos!

NUNCA QUESTIONEI ISSO EM MOMENTO ALGUM ENQUANTO ELE FOI VIVO!

Não o vou fazer agora!
 

E PRONTO, FAZ HOJE 37 (TRINTA E SETE)
ANOS QUE EU COMECEI A TRABALHAR… 
E a descontar… SEMPRE!!! Para a ‘Caixa’!

Era assim, quando comecei…    
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Fui servente de pedreiro; ajudante de eletricista; ajudante de serralheiro - ENTRETANTO, JÁ À MINHA CUSTA E COM O MEU DINHEIRO, VOLTEI À ESCOLA, AINDA NÃO ERA O 12.º ANO ANO... ERA O PROPEDÉUTICO, estudando à noite, enquanto trabalhava de dia -; fui para uma empresa de Metalomecânica Pesada (e vai em caixa alta para tentarem imaginar, que saber nunca o saberão, como era), um Estaleiro Naval!

Aproveitei um curso interno para ser Soldador (vejam na wikipédia) onde cheguei a Operário Especializado! 

Pelo meio, em meados dos anos 80 do Século passado, começam a aparecer as Rádios 'Piratas'... envolvo-me num projecto aqui onde moro. Ainda sou soldador, mas abdico da minha hora de almoço para, diariamente, isto a partir de 1986, manter uma rubrica sobre desporto no Bloco Noticioso do meio-dia/13 horas...
Era feito a partir do telefone fixo (que isso dos telemóveis ainda era ficção ciêntifica) na portaria do Estaleiro Naval, à revelia das chefias, mas com a conivência dos porteiros...

Um dia passou-me uma coisa pela cabeça e despedi-me.
Fui trabalhar para uma empresa de 'cattering' no Aeroporto de Lisboa... Dois turnos: das 6.00 às 16.00 horas, uma semana; das 15.00 (para mudança de turno) às 24.00, na semana seguinte...

Depois deixei tudo outra vez e assumi um lugar de chefia na Rádio. Horário? Das 00.00 às 24.00! Claro que não estava sempre lá, mas TINHA QUE ESTAR DISPONÍVEL!
Ordenado? 20,00 €/mês!

Mas nessa altura vivi um período turbolento na minha vida. Em todos os aspectos. Como aqui só interessa o profissional...

Depois de um Curso no Cenjor - Centro de Formação de Jornalistas - vejo-me, pela primeira vez nos jornais. No há muito extinto 'Tempo', cujo director era Nuno Rocha!
O 'Tempo' acaba e fico com um dos Directores Executivos que formou uma nova empresa com um grupo de amigos.
Eram quatro 'jornais' mensais - um a sair em cada semana - onde, de repente me vejo como Chefe de Redacção - JÁ TINHA A CARTEIRA PROFISSIONAL, daí a minha escolha, claro!

Aprendi a fazer tudo!
As entrevistas - volto a recordar que ainda não se sonhava com telemóveis - eram marcadas por telefone, sim senhor, mas SEMPRE FEITAS PRESENCIALMENTE. Até fiz uma na Embaixada de Israel!

Escrevia-se à máquina, os textos, emendados à mão, eram entregues a - eramos uma organização pequenina, com seis jornalistas, duas secretárias, dois fotógrafos e um gráfico - este!

As fotos a cores tinham que ir a uma empresa externa para que produzissem as quatro películas diferentes... e nos dias de fecho, semanalmente, lá estava eu, a cortar texto de uma fita fotográfica (era o linotipo) que se colava com... cera, à maquete desenhada pelo nosso gráfico. Faltava texto... se a página era a preto e branco... aumentávamos o tamanho das fotos; o que era impossível fazer às fotos a cores pelo que, muitas vezes, em cima da hora tinha que escrever mais 600/800 caracteres...

O resto da História já é 'normal'.
A CAPITAL de 1990 a 1999; A BOLA desde 2000!...

E assim se passaram 37 ANOS DA MINHA VIDA!
SE ALGUÉM ACHAR QUE ELA MERECE ALGUM RESPEITO... eu agradeço!

ATÉ PORQUE NÃO VAI DURAR MUITO MAIS!

... é que agora estou assim,
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